quarta-feira, 23 de setembro de 2015

Ouro Branco-Petrópolis-Paraty-Vários lugares espetaculares-Tiradentes-Ouro Branco

O primeiro trecho considerável que percorremos da ER foi o Caminho Velho de Paraty a Tiradentes. Foi A melhor viagem que já fiz na vida.

Um breve resumo:

 
  
Aproveitando que tínhamos um voucher de duas diárias para a pousada do Sandi em Paraty, resolvemos tirar alguns dias de férias e voltar de Paraty pela Estrada Real.

Saímos de Ouro Branco numa quinta no final da tarde. Decidimos ir para Paraty pelo asfalto, mas como a distância é grande, resolvemos parar para dormir em Petrópolis e de lá seguir para Paraty no dia seguinte.

Passamos quatro dias em Paraty e de lá seguimos pela Estrada Real até Tiradentes, parando nas cidades que pareciam mais interessantes. Nem de longe foi o suficiente para aproveitar todas as coisas legais que haviam pelo caminho.

Em Tiradentes nosso tempo acabou e voltamos para Ouro Branco pelo caminho usual, com uma vontade danada de terminar o Caminho Velho assim que possível. Ainda ficaram faltando vários quilômetros e três carimbos!

terça-feira, 8 de setembro de 2015

O passaporte da Estrada Real

O Passaporte da Estrada Real é um documento voltado para os viajantes que querem percorrer os Caminhos da Estrada Real. Esse documento deve ser carimbado nos pontos oficiais em várias cidades ao longo dos quatro caminhos.


Nosso primeiro carimbo: Ouro Preto. No desenho do carimbo, o museu da Inconfidência.

Os carimbos são lindos,  e cada um deles foi elaborado com base num pictograma que representa a cidade.

Para retirar seu passaporte, você deve preencher um fórmulário que você encontra aqui e levá-lo preenchido, junto com 1kg de alimento ou 1 peça de roupa, em Ouro Preto, Paraty, Petrópolis, Tiradentes e Diamantina, nos locais listados aqui. A lista de todos os pontos de carimbo você encontra aqui.
Todas as informações e arquivos acima você encontra no site do Instituto Estrada Real.

Juntando os carimbos de cada caminho você pode retirar um certificado. Juntando os certificados dos quatro caminhos você pode retirar um certificado único da Estrada Real.

Os carimbos da ER são um vício. Depois que você pega o primeiro, só sossega depois que tiver todos.



O Instituto Estrada Real

O Instituto Estrada Real (IER) é uma instituição da sociedade civil, sem fins lucrativos, criada pela Federação das Indústrias do Estado de Minas Gerais (FIEMG) com a finalidade de valorizar o patrimônio histórico-cultural, estimular o turismo, a preservação e revitalização dos entornos das antigas Estradas Reais remanescentes, sobretudo em Minas Gerais. Coisa linda. <3

Marco Inicial do projeto Estrada Real - trecho São João Del Rey - Tiradentes.


Graças a esse projeto pudemos conhecer um bom pedaço da ER, passando sempre que possível pelo percurso original, seguindo os roteiros planilhados.

Roteiros Planilhados

Todo percurso dos quatro caminhos está marcado por totens de concreto que auxiliam o viajante.  Eles estão presentes sempre que há pontos de bifurcação ou em locais que geram dúvidas sobre o caminho a ser seguido.

Totem da Estrada Real no trecho São Sebastião da Vitória-São João Del Rey.



Nos totens você encontra o traçado da ER e uma seta com a indicação "Você está aqui". Abaixo fica instalada uma placa metálica triangular com informações históricas sobre o lugar, coordenadas geográficas exatas e indicações das cidades mais próximas. A maior parte dos marcos também está numerada, o que facilita a localização para quem segue as planilhas, também fornecidas pelo IER.


 No site do IER você pode baixar as planilhas que possibilitam a navegação pelos quatro caminhos.  Essas planinhas são outra coisa linda demais. Nelas você encontra a distância parcial, distância acumulada, setas que indicam a direção que você deve seguir e a posição do marco, informações sobre as condições do trecho, número do totem.

Cada caminho está dividido em vários trechos e cada trecho  possui a sua própria planilha.




Planilha do trecho Carrancas-Capela do Saco, Caminho Velho.



A manutenção dos marcos é responsabilidade das prefeituras e por isso nem sempre foi possível encontrar todos eles no local onde deveriam estar. As planilhas também contém alguns pequenos erros ou algumas informações imprecisas, principalmente na saída das cidades, onde em geral não há totem. Em vários pontos, chegamso a uma bifurcação em que a planilha dizia "Seguir em frente".  Além disso, como a maior parte do percurso é feita em estrada de terra ou trilha, muita coisa pode ter mudado desde o dia em que a planilha foi escrita. É preciso ficar atento. No geral, é bem fácil seguir as planilhas, mas é altamente recomendável fazer todo o percurso durante o dia.

Nós fizemos a maior parte dos trechos de carro 4x4. Tem gente que faz a pé ou de bicicleta, mas isso é só para os fortes de verdade.

Percorrer os trechos da ER seguindo as planilhas é MUITO legal. No site do IER você também pode baixar o GPS de cada trecho, mas nós só utilizamos as planilhas, utilizando o Google Maps só quando não tinha outro jeito. Você também pode baixar um guia de cada caminho que detalha os trechos e os atrativos turísticos e opções de hospedagem de cada cidade.

"O roteiro turístico da Estrada Real nasceu após muita pesquisa e exaustivos trabalhos de campo. A estruturação de um projeto desta envergadura exigiu vultuosos investimentos e extrema dedicação dos mais capacitados profissionais , de diferentes áreas de atuação."

Estrada Real em Revista

Somos muito gratos ao trabalho de todos esses profissionais que nos proporcionaram experiências fantáticas pelos caminhos da Estrada Real.




A Estrada


A Estrada Real surgiu em meados do século 17, quando a Coroa Portuguesa decidiu oficializar os caminhos para o trânsito de ouro e diamantes de Minas Gerais até os portos do Rio de Janeiro. As trilhas que foram delegadas pela realeza ganharam o nome de Estrada Real.  Hoje, ela resgata as tradições do percurso, valorizando a identidade e as belezas da região.

A Estrada Real é dividida em quatro caminhos: o Caminho Velho, o Caminho Novo, o Caminho dos Diamantes e o Caminho do Sabarabuçu.




A primeira via aberta pela Coroa Portuguesa foi o Caminho Velho, ou Caminho do Ouro,  que ligava o litoral fluminense à região produtora de ouro no interior de Minas Gerais. Por ela escoava o ouro de Ouro Preto até Paraty e vários tipos de mercadorias como alimentos, roupas, móveis e também escravos do porto até Ouro Preto. Na época, no século 17, o percurso levava 60 dias para ser feito pelos tropeiros a cavalo.


O  Caminho Novo foi aberto para ser uma alternativa mais rápida e fácil ao Caminho Velho. Os viajantes conseguiam percorrer o caminho em um terço do tempo que levavam para percorrer o Caminho Velho. Além de ser mais rápida ela era também mais segura. Hoje o caminho guarda uma série de elementos da época das bandeiras e das primeiras explorações do território. 


As pedras preciosas de Diamantina ganharam destaque nas economias brasileira e portuguesa. As pedras preciosas saíam da sede do distrito diamantífero, o Arraial do Tijuco (atual Diamantina) e eram levadas através do Caminho dos Diamantes até a   sede da Capitania, Vila Rica (atual Ouro Preto).


Há trezentos anos, viajantes avistaram um brilho no topo da Serra da Piedade e imaginaram ser ouro. Para chegar lá, criaram uma via alternativa, que originou o Caminho Sabarabuçu.  Só que o que refletia a luz solar era, na verdade, minério de ferro.




Nosso objetivo: percorrer todos os Caminhos, parando no máximo de cidades que conseguirmos, conhecendo o máximo possível dos infinitos atrativos que cada Caminho oference. É de fato um projeto para a vida toda!

Fonte: Instituto Estrada Real; Estrada Real em Revista; Wikipedia.

100% Estrada Real

  " Relatar los recuerdos es una manera de salvarlos: por eso escribimos. Por eso leemos también."
Juan Eslava Galán
Historia del mundo contada para escépticos.

 Esse não é um guia de viagem, nem um guia sobre a Estrada Real. O único propósito de todos os textos e fotos que serão colocados nesse blog a partir de hoje é salvar memórias preciosas de uma viagem única. A nossa viagem pela Estrada Real.

Tudo nesse blog pode ser encontrado melhor explicado em outras fontes, principlamente no site do Instituto Estrada Real (<3), exceto, claro, nossas percepções sobre cada lugar que visitamos.

Comecemos do começo: nos apresentando. Quem vos escreve é uma professora de Matemática, Bárbara, que trabalha  em Ouro Preto desde 2010 e mora em Ouro Branco com o marido, Thales, desde 2013. Começamos o vício pela Estrada Real conhecendo melhor a região onde moramos e depois de conhecer o projeto do Instituto Estrada Real a coisa começou a ficar fora de controle.

A Estrada Real é a maior rota turística do país. São mais de 1.630 quilômetros de extensão, passando por cerca de 200 municípios de Minas Gerais, Rio de Janeiro e São Paulo.  Conhecer a Estrada Real não é uma viagem com começo e fim. É um projeto pra vida toda.

Me considero uma pessoa privilegiada por poder viajar com frequência. Já viajei por muitos lugares fantásticos, viagens que marcaram intensamente minha vida e que fazem parte de quem eu sou hoje. 

Viajar pela Estrada Real é diferente. É diferente porque nas outras viagens, por mais espetaculares que tenham sido, eu estava sempre contemplando uma história que me parecia alheia. 

Na Estrada Real, estamos contemplando a nossa história. A história da região que escolhemos para viver (pelo menos por enquanto) e pela qual somos apaixonados. É como ver de cima um grande quebra-cabeça em que somos uma pequena peça, bem lá no meio.

 Natureza, história, gastronomia e a simplicidade das casinhas pequenas construídas a beira da estrada de terra. Se você, assim como nós, gosta de tudo isso, a Estrada Real é o seu lugar.